ESTAÇÃO JUGULAR - ALLAN PITZ
"Delirante, frenético e alucinante é o ritmo que Pitz imprime a essa saga do absurdo (mas que tem forte conotação da realidade, pois, apesar de sugerir uma alegoria, é plenamente observável para além da ficção), envolvendo o leitor na claustrofóbica experiência do personagem-narrador, que foge não se sabe de onde e não se sabe para onde vai.
Um ônibus que surge inesperado, conduzido por um motorista improvável, rumo a uma estrada desértica, desfilando por paisagens vivíssimas e surreais nos faz confrontar com o absurdo contido na própria história da humanidade. Ao embarcar junto com o protagonista e narrados Franz, um técnico de informática em sua aparente fuga do cáustico sol que castiga, o leitor é incitado a uma viagem desconfortável, mas altamente reveladora. O motorista vai se revelando misteriosamente, passando de uma figura grotesca e gigantesca para um ser que guarda muitos segredos. O que a princípio entre ambos - condutor e passageiro - parecia carregar em antipatia, acaba se transformando em sentimento bastante diverso.
Pode-se considerar essa viagem de ônibus como o percurso da própria humanidade através dos absurdos e da intolerância que têm pontuado a sua evolução. O leitor ainda é surpreendido com a súbita revelação de um ato insano do personagem, que,a despeito disso, tem nova chance pra sua redenção."
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