Boa noite pessoal! Segue mais um texto do autor parceiro do blog, Antônio Brás Constante.
A ARMA (PARTE I)
(Autor: Antonio Brás Constante)
O primeiro tiro atingiu seu peito. Atravessando a roupa e penetrando em seu corpo. Não houve dor. Ele apenas passou a sentir uma leve ardência onde foi atingido. Logo após ouvir o som do estampido seco saído do revólver, nada mais pareceu real ou fez sentido.
O segundo tiro perfurou seu estômago, e o terceiro pegou de raspão em seu braço. Aos poucos a consciência foi lhe abandonando. A visão foi embaralhando, porém, o resto dos sentidos pareceu se aguçar. Pôde perceber o gosto acre de sangue subindo pela sua garganta, invadindo a boca e escorrendo pelo queixo. O cheiro de pólvora chegando forte em suas narinas.
Cambaleou como uma marionete que tem as cordas cortadas, despencando no chão. Deu alguns passos em direção a rua até finalmente cair no gramado. Antes de perder totalmente os sentidos, ainda conseguiu apoiar o corpo com uma das mãos. O toque de seus dedos sobre grama fria foi a ultima coisa que sentiu.
Um derradeiro gemido escapou de seus lábios, pronunciando que o último sopro de vida finalmente se esvaiu de seu corpo. O cadáver imóvel ficou esticado como um tapete próximo à porta de sua residência.
Naquele momento um vulto passa pelo homem sem vida. O autor dos disparos foge da cena de morte, tentando escapar da impunidade. Ele leva consigo a arma. Coadjuvante do crime. Comprada pelo defunto para servir de proteção contra criminosos.
O que havia iniciado como um arrombamento a uma residência transformara-se em um crime cruel, graças à presença daquele revólver. O falecido, dono da casa, ao adquirir aquela peça de armamento, jamais imaginaria que ela seria o arauto de sua morte.
Se ele não possuísse aquela arma, ainda estaria vivo. O bandido até então desarmado teria fugido com o barulho de sua chegada, ao invés de ter investido contra ele por estar armado.
Graças à atitude do atual cadáver, mais um criminoso se armou, passando a fazer novas vítimas por seu ignóbil caminho. Mas para aquele indivíduo, que ansiava por segurança, isto não importava mais. O revólver que ele comprou finalmente lhe trouxe a paz que procurava, de uma forma que ele nunca poderia esperar encontrar.
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