Resenha: O Pacto - Joe Hill

O livro O Pacto, de Joe Hill, nos conta a estória de Ignatius Perrish, conhecido popularmente como Ig. Ig sempre foi uma pessoa de boa índole e que levava uma vida pacata, ao lado de seu irmão Terry, seu melhor amigo Lee e de sua namorada Merrin, a quem ele amava mais do que tudo. 


Só que essa aparente felicidade tem um fim quando Merrin é estuprada e morta, com uma forte pancada na cabeça, e todos os indícios apontam para Ig, ainda mais pelo fato do casal ter tido uma forte briga um dia antes do crime. Todos na cidade acreditam piamente que Ig é o assassino e passam a vê-lo como um monstro, esquecendo da sua personalidade de outrora. Até sua família e seu amigo Lee, não conseguem acreditar na sua inocência, e se afastam dele.


Passa-se um ano após o crime que mexeu com todos na região, e Ig acorda de ressaca, com uma forte enxaqueca. Ao se defrontar com o espelho, ele percebe que chifres estão crescendo em suas têmporas e fica aterrorizado. E o que mais o impressiona é descobrir que quando as pessoas o vêem, acabam revelando todos os seus segredos ocultos, coisas bem cabeludas e muitas vezes, até mesmo nojentas, inimagináveis. 

E a lista daqueles que acabam se confessando com Ig é imensa e curiosa: o médico da cidade, sua atual namorada, Glenna, os seus pais, e até a sua avó, Vera, entre outros. Mas a confissão mais dolorosa é a de seu irmão Terry, que sempre soube quem era o verdadeiro assassino de Merrin, mas nunca pode revelar, até o momento.


O choque de descobrir quem foi o responsável pela morte de Merrin mexe com Ig de uma forma voraz e ele anseia por vingança. Ele se vê sozinho e com sua vida transformada em um inferno, e descobre que mesmo tendo a aparência de um demônio e o interior repleto de fúria, pode ser considerado um anjo perto da pessoa que tirou a vida de sua amada, um ser totalmente desalmado e cruel.


A estória de Ig é norteada por vários sentimentos, entre eles, amor, traição e vingança, mesclados em uma tragédia com traços sobrenaturais. É um tanto surreal saber como Ig sempre foi um homem bom e de coração generoso, e ver o caos que ele se afunda, sendo acusado de um crime que não cometeu, além de ter perdido a mulher de sua vida de uma forma cruel e aterrorizante. Uma tragédia sem proporções... O que choca é quando descobrimos quem é o vilão, o que acontece logo no início do livro, e vemos que ele foi motivado pela mais pura inveja, que por mais que Ig já o tenha ajudado e estendido a mão, ele nunca teve gratidão por ele, e sim um desejo insaciável de tomar posse daquilo que não lhe pertencia...


A narrativa é conduzida tanto no passado quanto no presente, nos revelando os primeiros anos do namoro de Ig com Merrin, suas peripécias juvenis, seu círculo de amizades e relacionamento familiar. A linguagem de Joe Hill é agressiva e traz fortes embates a religião, sobretudo, o Cristianismo. Creio que é necessário ler o livro com a mente bem aberta e frisando bem que o conteúdo é meramente fantasioso, para não se chocar com algumas declarações. No mais, é um livro interessante, com uma estória bem construída e que tem como pano de fundo, o sobrenatural empregado de uma forma bem trágica. Recomendo, com certeza!